domingo, 26 de fevereiro de 2012

FORTALEZA DOS REIS MAGOS PASSARÁ POR REFORMAS

O Governo do Rio Grande do Norte anunciou, recentemente, que irá fazer uma reforma de restauração na Fortaleza dos Reis Magos, também conhecido como Forte dos Reis Magos, a primeira obra feita no estado quando essa ainda era a capitania Rio Grande. Entretanto, poucos sabem de sua importância para o estado.

“A Fortaleza dos Reis Magos teve papel fundamental no apaziguamento dos povos indígenas que habitavam as margens do rio Potengi e também foi crucial para a expulsão dos estrangeiros, o que favoreceu a formação do primeiro núcleo urbano [do Rio Grande] e a fundação de Natal”, disse a historiadora e antropóloga, Andreia Mendes.

A sua construção foi iniciada no dia 06 de janeiro de 1598 e como ela começou a ser construída no dia de Santos Reis, recebeu o nome de Fortaleza dos Reis Magos. No ano seguinte, 25 de dezembro de 1599, foi criada a cidade do Natal.

Foi erguida usando apenas pedra e cal. A forma de polígono estrelar da Fortaleza veio do jesuíta Gaspar de Samperes que também fez o projeto arquitetônico da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. A ponta da “estrela” do Forte é apontada para o Norte, onde fica Portugal, país que conquistou o Brasil. Além disso, o seu formato permitia que ele abrigasse canhões em suas cinco pontas, facilitando assim, se defender das ameaças que viessem de todas as direções.

“A fortaleza foi criada durante o período da União Ibérica [quando Portugal e Espanha eram administrados por um só monarca], segundo as ordens do rei D. Felipe II, no ano de 1598. O objetivo era conduzir à conquista da capitania com a pacificação dos povos indígenas e expulsão dos corsários estrangeiros. A primeira construção, segundo os historiadores tradicionais, foi feita de taipa, sendo depois substituída pela construção atual”, explica Andreia.

Forte dos Reis Magos foi construído para fins militares durante o período da União Ibérica.

Do seu lado esquerdo, está o rio Potengi, próximo a sua foz. No outro lado, ficam as águas do Oceano Atlântico. Ela foi construída com fins militares, para proteger o Brasil de novos invasores.

Em 1633, a Holanda invade a Fortaleza dos Reis Magos, após uma tentativa fracassada de invasão há dois anos antes e muda o nome de Natal para Nova Amsterdã e o Forte virou o Castelo de Ceulen (Kasteel Keulen). “É uma prática comum na história vermos os conquistadores alterarem a toponímia dos lugares invadidos”, explica a historiadora.

E somente em 1654 que os holandeses foram expulsos de Natal. Em 1949, a Fortaleza dos Reis Magos foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e desde 1965, a Fundação José Augusto (FJA) administra o local.

“Existem outras construções fortificadas ao longo do litoral brasileiro e que são anteriores a Fortaleza dos Reis Magos, entretanto, a fortaleza encontra-se em melhores condições de restauro e pronta para receber os visitantes”, comenta Andreia.

Forte ou Fortaleza?
Como a Fortaleza dos Reis Magos era para objetivos militares o correto seria chamar por fortaleza e não forte, apesar de ser popularmente conhecido por essa forma.

“Na historiografia potiguar vemos as duas formas de denominação para a primeira construção militar na capitania do Rio Grande. Na verdade, fortaleza designa uma construção com ocupação militar constante, enquanto um forte serve para as campanhas esporádicas ou sazonais”, explica Andreia Mendes.

Como será feita a reforma
A Secretaria Estadual de Infraestrutura é responsável por essa reforma, o local não tinha algum reparo já fazia dez anos. Serão R$ 400 mil de verba. A Secretaria abriu licitação para a obra de restauração na semana passada. Porém, como apenas uma empresa se apresentou, foi republicado o Edital de Licitação, cuja nova data de abertura está prevista para ocorrer na semana que vem.

Obra de restauração do Forte dos Reis Magos prevê revisões elétricas, hidráulicas e sanitárias.

Prevê revisão nas partes elétricas, hidráulicas, sanitárias e de cobertura daquele equipamento que faz parte da história e fundação da capital potiguar. Também contará com aquisição de equipamentos e materiais permanentes vindas do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), com intuito de melhorar o acesso dos visitantes, inclusive com um novo sistema informatizado para venda de ingressos.

Serão adquiridas novas e modernas ferramentas para áudio-visitação, além de computadores e DVDs, dentre outros materiais, como expositores e indicadores de cada setor. Os funcionários da Fortaleza terão capacitação em língua estrangeira e atendimento ao público, com 240 horas/aula.

“Acredito que a iniciativa do Ministério da Cultura em parceria com a Ibram e o Governo do Estado será de grande importância para melhoria da infraestrutura e que não deve deixar de atender os aspectos pedagógico e didático. A fortaleza dos Reis Magos é um lugar de memória e deve ser preservada e valorizada, não só para o turista, mas principalmente para o povo potiguar“, disse a historiadora Andreia Mendes.

Atualmente, funciona como um museu, onde o turista tem acesso ao marco de Touros (símbolo do descobrimento do Brasil) e também exibe os alojamentos, as prisões, os canhões e uma capela com poço de água doce, que foram utilizados tempos atrás pelos militares portugueses, holandeses e brasileiros.
 

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